sábado, 8 de novembro de 2008

"Hosanas", Obama!!!


Barack Obama está sendo aclamado como um "deus". O simbolismo de sua eleição é muito maior que a eleição em si. Afinal, um negro com sangue árabe ocupar o posto de presidente da maior potência econômica e nuclear do planeta se reveste de uma significação sem precedentes. Os EUA é um país sabidamente marcado pela cultura do racismo. Os saudosistas de Luther King voltaram a sonhar com a eleição de Obama. Novamente se repete o ciclo vicioso da política onde quem vence, não vence porque ganha, mas porque o rival perde. John Mckain se distanciou de Obama nas pesquisas na medida em que a crise avançava. Não havia como descolá-lo de Bush. Nem o fato de ser um ex combatente do Vietnã sensibilizou a sociedade norte americana diante do derretimento de sua economia. Valeu o tupiniquim "diga-me com quem andas e direi quem és". Mckain não perdeu para Obama, perdeu para Bush...


Agora, o dado concreto...


O voto em Obama é o voto do desespero, o voto do protesto que os brasileiros tão bem conhecem. Não há como acreditar que a conservadora sociedade norte americana, resolveu se tornar progressista de uma hora para outra. O ponto fraco dos norte americanos, símbolo maior do capitalismo, sempre foi o bolso. Tivesse o agora "pato manco" feito um governo um pouquinho menos medíocre o eleito seria Mckain. Certamente há méritos em Obama, bem articulado no discurso, carismático, soube usar a crise como moeda de troca junto ao seu eleitorado. Enquanto a potência agoniza, Obama colhe os louros e os louvores de dirigentes de todo o mundo. Nunca a eleição de um presidente norte americano foi tão comemorada fora de suas fronteiras.

A bem da verdade não há muito o que comemorar. Além da origem e da cútis, pouca coisa diferencia Obama de Mckain. O que houve foi uma alternância comum do poder. Hora republicanos, hora democratas, mas sempre conduzinho a superpotência como um rolo compressor sobre o resto do mundo. O tempo, absoluto senhor da verdade nos dirá em quatro anos se Barack Obama foi uma real inovação ou mais um "pato manco", só que negro.

domingo, 26 de outubro de 2008

E São Paulo não exorcizou o "demo"


Findo o pleito municipal e confirmaram-se as pesquisas de opinião. Agora todos já sabem, o prefeito é o Kassab. O desconhecido vice de Serra salta da obscuridade para o executivo da maior metrópole brasileira. Análises daqui e de lá começam a ser feitas para explicar esta metamorfose política. Na verdade não há ciência alguma. Uma confluência de fatores parecem compor este esperado resultado adiantado desde o 1º turno. O bombardeio de propagandas vinculadas em todas as mídias, somadas a super exposição no horário eleitoral, resultado das alianças partidárias, uma boa assessoria de marketing com substancial apoio da máquina pública, uma adversária com alto índice de rejeição e o apoio incondicional de um cabo eleitoral do naipe de Serra reelegeram o atual prefeito.

Do outro lado, Marta perdeu para si mesma. Colecionadora de frases infelizes e uma altivez que contrasta com sua preferência pelos pobres explica boa parte de seu índice de rejeição. Repetindo o erro dos tucanos no pleito presidencial, quando Alckimin foi derrotado, a equipe de marketing de Marta foi um verdadeiro fiasco. Deixou de utilizar trunfos como a inexperiência de Kassab diante da complexidade da cidade, bem com de sua vice Alda Marco Antonio, uma ilustre desconhecida. Deu um tiro no pé ao fazer insinuações quanto a vida privada do prefeito. Errou ao colar excessivamente a imagem do prefeito a Pitta, quando tinha telhado de vidro, particularmente no caso dos companheiros mensaleiros, o que foi habilmente explorado pela campanha rival. O marketing de Marta errou no time, nos dingles e no "peso da mão" ao bater em Kassab, enfim, errou em tudo e deu no que deu.

Agora, o dado concreto:

Não há como dissociar o prefeito de suas origens. Kassab ganhou por força de uma propaganda competente, pois seu governo foi agraciado com os mesmos bons ventos que sopraram sobre todas as cidades que reelegeram seus prefeitos, de sorte que suas realizações com 10 bilhões a mais disponíveis, não foram nenhum feito notável.

O problema de Kassab não está em sua vida privada ou em sua inexperiência política, mas em seu partido, o DEM.

A sigla vem sofrendo profundas reformulações desde o processo de redemocratização do país. O PFL (Partido da Frente Liberal) foi criado em 1985 como dissidência do PDS (Partido Democrático Social), que por sua vez era sucessor da Arena (Aliança Renovadora Nacional) - partido que deu sustentação à ditadura militar.

O DEM foi varrido de praticamente todo território nacional, mas a conservadora São Paulo, garantiu-lhe uma sobrevida que enterrou as chances de ver este partido soterrado em sua crise de identidade. Um partido que representa o que há de pior na direita brasileira com figuras como José Agripino e o clã dos Magalhães na Bahia, só para ficar em dois exemplos.

É triste ver minha querida São Paulo nas mãos desse partido, pois Kassab, e isso seu marketing soube traduzir muito bem, nada mais é que um boneco simpático a serviço do conservadorismo retrógrado.

Agora, São Paulo já sabe.

sábado, 25 de outubro de 2008

Brasil, País do Presente - BPP

Mantenho uma comunidade no orkut a 3 anos, onde discuto junto com um seleto grupo de colegas as possibilidades do Brasil. A comunidade é moderada justamente para recrutar apenas pessoas comprometidas com o debate em alto nível e que engradecem a divergência saudável de idéias. Querendo participar solicite sua entrada. O link é: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3735000

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O Espetáculo da Tragédia


O Caso do sequestro de Santo André veio ratificar para quem ainda tinha alguma dúvida a capacidade do ser humano em converter tragédia em espetáculo. Foi assim no caso do Joãozinho, aquele garoto arrastado por um carro preso ao cinto de segurança no Rio de Janeiro. Foi assim no caso da Isabela, pobre garota jogada do 6º andar de um prédio na zona norte de São Paulo. E foi assim nesse fatídigo sequestro marcado pela ação desastrada de uma polícia despreparada e sem recursos tecnológicos básicos. O ponto comum destas tragédias foi o papel desempenhado pela mídia na cobertura dos tristes episódios. A possibilidade de não só informar, mas disputar a audiência de um público que parecia afoito diante do espetáculo da tragédia dinamizou a rotina de dezenas de repórteres e âncoras marcados pelo tédio da mesmice. Não se falou em outra coisa nesta semana. Até a crise mundial ficou renegada a uma tragédia menor. Sempre me perguntei a razão dessa morbidez humana. Essa necessidade de querer saber mais sobre a dor alheia. A mídia, usando de toda a criatividade para dar sobrevida ao assunto, entrevistando parentes, colhendo "fatos novos" e sempre fazendo chamadas com uma "exclusividade" que passava em todos os canais. O que se viu no final das contas foi um verdadeiro descaso ou para ser menos crítico, incompreensão com o real significado da tragédia. Muitos apressararam-se em julgar, outros se limitaram a inconformar-se com o desfecho do episódio que se iniciou com ares de coisa da "aborrecência". O dado concreto é que o episódio tomou forma de espetáculo onde o jovem Lindemberg sentiu-se o astro principal. Para alguém atormentado que sentia-se um zé ninguém, o prolongamento dos minutos de fama súbita tornou-se uma obsessão. Âncoras de telejornais tiveram a capacidade de ligar para o sequestrador movidos pela ânsia do furo de reportagem, inflando ainda mais o ego do potencial assassino. As vítimas deste triste epísódio não foi só o trio que pasou 100 horas confinado, mas toda uma sociedade que alimentou pela audiência uma tragédia com requintes de espetáculo. Para um povo assim, que se alimenta da tragédia, as cortinas entreabertas do palco da vida sempre reservarão um triste espetáculo na chamada de um repórter qualquer: Respeitável público...