terça-feira, 11 de outubro de 2011

IN(VEJA) que mata...

Artigo do colunista Paulo Moreira Leite que expõe o ridículo de determinados setores da sociedade brasileira em tentar desclassificar as condecorações recebidas pelo ex presidente LULA no exterior.

Reação provinciana às condecorações de Lula

Confesso que o esforço de determinados políticos, observadores e acadêmicos para reclamar das condecorações internacionais recebidas por Luiz Inácio Lula da Silva já passou o limite da boa educação, do bom gosto e até do ridículo.
Lula recebeu sua mais nova condecoração há duas semanas em Paris. Até hoje a imprensa continua publicando textos que procuram convencer o leitor, basicamente, do seguinte: os pobres intelectuais do mundo desenvolvido são tão despreparados, tão ignorantes e tão incultos, que não sabem quem é Lula, nunca ouviram falar das mazelas de seu governo e só por isso insistem em lhe dar títulos honorários.
Num artigo publicado no Estadão, hoje, um professor do interior de Minas Gerais tenta convencer o público que os intelectuais europeus estão confundindo Lula com a reencarnação do “bom selvagem,” aquele mito da obra de Jean-Jaques Rousseau.
É até preconceituoso, quando se recorda que o “bom selvagem” não tinha um conteúdo de classe social, mas era uma referencia a civilizações consideradas primitivas pelo pensamento colonial europeu.
É preciso apostar alto na ignorancia do leitor para imaginar que ele vai acreditar que os intelectuais dos países desenvolvidos vivem na Idade da Pedra, sem internet e sem uma imprensa de qualidade, que nos últimos anos tem feito reportagens extensas e profundas sobre o Brasil.
Posturas deste tipo são apenas mesquinhas e provincianas.
Mesquinhas, porque envolvem interesses menores e inconfessáveis, frequentemente eleitorais, apenas disfarçados por um palavrório de tom indignado.
Provincianas, porque a condecoração de um presidente da Republica por instituições respeitadas, como a Ecole de Sciencies Politiques, de Paris, que, com afetada intimidade, alguns comentaristas chamam de Siencies Po, deveria ser motivo de orgulho para qualquer brasileiro.
Outro ponto é que o aplauso acadêmico internacional pelas realizações do governo Lula contém um ensinamento importante para um pais desigual e hierarquizado, onde a boa educação só é acessível a uma minoria.
Estou falando de um preconceito antigo e mal disfarçado contra brasileiros e brasileiras que não puderam frequentar a escola como se deve, na idade em que seria preciso, não tem o domínio perfeito da língua, não respeitam normas cultas, cometem erros de concordancia e exibem um vocabulário muitas vezes limitado.
Com frequencia, essas pessoas  costumam ser tratados como cidadãos de segunda classe, pré-destinados a ocupações inferiores e que nada devem fazer além de ganhar a vida em atividades braçais.
Ao premiar um presidente que teve pouca educação formal, mas foi capaz de obter um reconhecimento popular como nenhum outro na história recente do país, as universidades estrangeiras informam que é recomendável enxergar além do estererótipo.
Talvez por isso as condecorações irritem tanto a tantos. O reconhecimento é uma advertencia contra aqueles que valorizam demais os diplomas que conseguiram pendurar na parede. Não faltam motivos concretos para se fazer uma crítica política a Lula e a seu governo. Todo cidadão bem informado tem sua lista de críticas e sua análise.
Mas o esforço para criticar as condecorações internacionais é  esforço inglório.
Nem os brasileiros foram convencidos por estes argumentos, como se viu na campanha presidencial e também pelas pesquisas de opinião, que sugerem que Lula está próximo do nível da santificação junto ao eleitorado. Vencidos em casa, seus adversários querem ganhar a eleição no exterior. Além de feia, é uma batalha perdida.

domingo, 9 de outubro de 2011

Grande Mídia x Blogosfera



Reproduzo a seguir texto analítico do grande camarada militante Wellington Lyrio sobre a guerra "silenciosa" que o oligopólio midiático brasileiro trava com a blogosfera.




O cavaleiro pode mudar...mas...o caráter braço ideológico será o mesmo.


Hoje pela manhã quando acessei a internet visando acompanhar as notícias do dia, tal como de costume, não aconteceu nada diferente. Mas, um sequência de simples leituras ilustrou algo mais de que certo, porém, uma coisa que alguns insistem em negar, ou por inocÊncia, ou desonestidade intelectual mesmo. Me refiro a atuação da Grande Mídia como um Partido Político e a Blogosfera como  algoz dessa. Vou expor agora a tal sequência de simples leituras supracitada.


A Primeira foi no Facebook de Milton Temer: "Globo, partido político. Pois é. Está na coluna da Miriam Leitão algo que passa desapercebido mas tem que ser analisado mais seriamente. São os debates temáticos que Globo,CBN vêm organizando, não só no auditório da empresa como em espaços públicos, reunindo apenas uma corrente de pensamento - privatista e neoliberal. Depois, dão ampla cobertura e fica o fato valendo como "debate na sociedade". É fundamental que setores progressistas na academia e fora dela atentem e partam para o contraponto que desqualifique a falácia"


Em seguida, quando passei pela página de O GLOBO, deparei-me com a primeira, de um série de reportagens anúnciadas pelo jornal, sobre o tema: PRIVATIZAÇÕES. O título da tal matéria era: 
"Empresas privatizadas já respondem por 25% da receita das companhias de capital aberto"


RIO e VOLTA REDONDA - Com a venda da Usiminas, em outubro de 1991, o Brasil iniciava a era das privatizações, que mudou a cara da economia do país. Siderúrgicas, petroquímicas, ferrovias, empresas de energia elétrica e telefônicas estatais passaram às mãos da iniciativa privada. O pontapé inicial desse processo, inserido no conjunto de reformas econômicas promovidas pelo então presidente Fernando Collor de Mello, foi o Programa Nacional de Desestatização (PND), tocado pelo BNDES. Por um lado, o programa visava a enxugar o Estado, reduzindo sua intervenção na economia e liberando-o para atuar em áreas como saúde e educação, conforme o receituário mais liberal que dominou o mundo nos anos 90. Por outro, a venda de estatais era usada para abater dívida pública e, de quebra, recuperar a credibilidade do Brasil no exterior, manchada desde a moratória de 1987.


Desde que se livraram das amarras do governo, a maior parte das estatais privatizadas pisou no acelerador e cresceu. Os 20 maiores grupos ou empresas criados a partir das privatizações ou concessões à iniciativa privada nos últimos 20 anos já somavam R$ 300 bilhões em receita em 2010, ou 25% do faturamento das companhias de capital aberto do país. Em valor de mercado, eles respondem hoje por 20% do total - ou R$ 513,6 bilhões. Os dados foram levantados pelo GLOBO a partir de informações da consultoria Economatica e excluem empresas do setor financeiro ou seguradoras. Entre as firmas estão Vale, que lidera o ranking, a telefônica Oi e a Braskem, que, embora tenha sido criada em 2002, absorveu praticamente todas as pequenas petroquímicas que atuavam sob batuta estatal.


- O governo havia alavancado a indústria de base, mas não conseguia mais sustentá-la. Era necessário retirar esse ônus do Estado - diz Francisco Anuatti, economista da USP de Ribeirão Preto e autor de artigos sobre o processo de privatização. - A maior parte das empresas se tornou mais competitiva e eficiente.
A partir de hoje , O GLOBO publica uma série de reportagens sobre os 20 anos das privatizações, que se estenderá pelos próximos três domingos.


Pois bem, quando terminei a leitura de tal reportagem, imediatamente veio a minha mente o quanto MiltonTemer estava correto em seu post, ao colocar a atuação de O Globo como a de um PARTIDO POLÍTICO- não teria melhor exemplo de pensamento PRIVATISTA E NEOLIBERAL sendo propagado.


Enfim, pra finalizar, fui ao Blog do Brizola Neto (O TIJOLAÇO), onde, como de costume, o jovem parlamentar, tal como outros blogueiros,  utiliza o espaço de seu Blog para rebater notícias  de cunho falacioso, e nesse Domingo não foi diferente. Lá estava: 


As contas da privatização


O Globo publica hoje matéria sobre os vinte anos de privatização de empresas estatais e diz que as empresas privatizadas responderam por um faturamento de R$ 3oo bilhões em 2010. A dólar de dezembro do ano passado, US$ 177 bilhões.
O total da receita com as privatizações, de 1991 a 2002, somou US$ 87,5 bilhões: US$ 59,5 bilhões em privatizações federais e US$ 28 bilhões em privatizações estaduais. Ou seja, metade do faturamento de um só ano destas empresas.
Diz o jornal que as empresas foram vendidas para reduzir o endividamento do Estado brasileiro. A dívida líquida do setor público no Brasil, em 1991, era de US$ 144 bilhões. Em 2002, com tudo que a privatização deveria ter “abatido” deste valor, era de US$ 300 bilhões.


Nem privatizar, nem dever, em si, são, em si, pecados. Vender mal, seja entregando o que é estratégico, seja fazendo isso na bacia das almas, por valores irrisórios, são. Dever, quando se paga juros módicos, pode ser o caminho para o desenvolvimento e o progresso. A juros extorsivos, porém, é apenas o caminho da escravidão ao rentismo.
A grande maioria das privatizações foi feita com financiamento público, com uma elevação brutal das tarifas cobradas nos servilos públicos, não se conservou participação do Estado nem para dirigir estrategicamente as suas atividades, nem para participar dos lucros que produziam.
Estamos pagando caro, muito caro, e ainda pagaremos por muitos anos por este período de vergonha da história brasileira.


Não foi uma estratégia, foi uma liquidação, uma entrega desavergonhada do que pertencia ao povo brasileiro.


Enfim, a olhos mais desatentos, ou desinteressados, pode não parecer nada demais, porém, essa série de pequenos acontecimentos mostra muito bem por qual motivo a Grande Mídia não gosta da Blogosfera. Afinal, quem mais poderia oferecer um contraponto a FALÁCIAS DO PIG?

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Fim do Professor...

Transcrevo abaixo carta manuscrita de um professor da rede pública estadual, entregue a mim no corredor de uma escola na periferia de São Paulo onde lecionamos conjuntamente. Ele, professor de Física e Química, quase sexagenário com mais de vinte anos de carreira. Eu, professor de Sociologia, recém -ingresso nos "enta", assim como recente na rede, representante de uma corrente de esperança por dias melhores, porta voz deste professor que fala, ou melhor, escreve por muitos...

O FIM DO PROFESSOR

Oculte seus princípios, 

oculte sua alegria.

Observe o navio afundar...

não adianta fugir,

não adianta gritar.

Ao seu redor é cada um por si. Não há união...
...nem comunicação.

Sou simplesmente um professor, ou melhor, um ser incompetente, medíocre, burro ou idiota que até agora não percebeu que nesse país a educação é uma palavra vazia ou simplesmente o nada; chegando se a simples conclusão que ser professor é fazer parte do nada.