segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"A Procura da Felicidade" sob um olhar sociológico...


Como a indústria do entretenimento, no caso, o cinema, favorece o "sistema" ao manter as mentes anestesiadas. Isso sim, um verdadeiro drama da vida real.

A Procura da Felicidade, estrelado por Will Smith é uma premiada produção da Columbia Pictures do ano de 2006...segue a sinopse.


Sinopse

Chris Gardner (Will Smith) é um pai de família que enfrenta sérios problemas financeiros. Apesar de todas as tentativas em manter a família unida, Linda (Thandie Newton), sua esposa, decide partir. Chris agora é pai solteiro e precisa cuidar de Christopher (Jaden Smith), seu filho de apenas 5 anos. Ele tenta usar sua habilidade como vendedor para conseguir um emprego melhor, que lhe dê um salário mais digno. Chris consegue uma vaga de estagiário numa importante corretora de ações, mas não recebe salário pelos serviços prestados. Sua esperança é que, ao fim do programa de estágio, ele seja contratado e assim tenha um futuro promissor na empresa. Porém seus problemas financeiros não podem esperar que isto aconteça, o que faz com que sejam despejados. Chris e Christopher passam a dormir em abrigos, estações de trem, banheiros e onde quer que consigam um refúgio à noite, mantendo a esperança de que dias melhores virão.
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O que causa maior estranheza ao se observar a pirâmide social, nem é a desigualdade nela representada, mas a sua inalterância ao longo do tempo e a atitude dos seguimentos que lhe determinam as posições.

Como pode essa realidade onde muitos trabalham e se sacrificam pelo enriquecimento e boa vida de poucos, não produzir uma indignação suficientemente capaz de mobilizar por mudanças a maioria que se encontra na base?

Dentre os diversos instrumentos que compõem o aparato de controle social pude identificar à partir do olhar sociológico, um bastante eficiente e muito utilizado: Filmes hollywoodianos do gênero drama. O filme que serve de base para essa reflexão narra a história de um representante da base da pirâmide, que ascende socialmente de forma significativa.

A empatia do "público alvo" com o personagem é flagrantemente imediata.

Muitos que assistiram o filme se identificaram, choraram e se animaram em prosseguir lutando pela vida, não obstante todos os percalços.

A mensagem do filme é clara:

Você (da base da pirâmide) também pode chegar lá..."no topo" e ser feliz...

O roteiro do filme condiciona a felicidade à obtenção da satisfação profissional que redundará em riqueza. Fica claro desde o início que o preço a se pagar é elevado, como se o fato de pertencer a base da pirâmide já não fosse um preço suficientemente alto.

O segredo é ser um gênio (lembre-se do cubo mágico) e dar tudo de si. Chris Gardner (Will Smith)evitava até ir ao banheiro para não perder tempo e focar-se excluvivamente na sua obsessão (ser feliz).

Chris Gardner é a encarnação sob medida dos que estão na base da pirâmide e que sonham com melhores perspectiva de vida.

O detalhe cruel é que Gardner atravessa o inferno que sua obsessão lhe impõe na condição de estagiário. Ao final do ciclo preparatório de seis meses, se ele fosse o melhor dentre os concorrentes, (também da base),seria enfim efetivado.

O filme se passa em pouco menos de duas horas, minimizando o fato do esforço de toda uma vida em busca de um melhor posicionamente na pirâmide.

Verdades que saltam aos olhos...

A minoria absoluta consegue "chegar lá" a partir do esforço máximo e isso é vendido como triunfo. Na obsessão para se "chegar lá" perde-se o senso crítico que poderia questionar esse modelo perverso de ascensão social. A massa da base não se junta, não dá a liga que possa lhe garantir substância, pois seus elementos estão todos fragmentados procurando a felicidade individual ao invés da conjunta, que seria a implosão da atual pirâmide e sua substituição por uma ordem mais justa.

O dado concreto é que o drama que emocionou milhões e até produziu neles uma certa motivação esconde um alto grau de perversidade. A "base" é condenada a procurar uma felicidade que sempre lhe pertenceu, mas que lhe é diariamente subtraída por um sistema explorador e, nesse processo de busca, reproduz incessantemente o modelo atual da vergonhosa piramide social.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Status Quo X Subversão



Adoráveis alunos...

Aprendemos em aulas recentes que Status Quo é uma expressão do latim que designa o estado atual das coisas, seja em que momento for.

Sociologicamente podemos dizer que Status Quo é a manutenção da "ordem estabelecida".

Há que se considerar que "a ordem atual das coisas" interessa a seguimentos específicos da sociedade, em geral, a classe dominante (vide a pirâmide social)

Na realidade, a expressão não define necessariamente um mau estado, e sim o estado atual das coisas. (que "coincidentemente" é desfavorável à classe trabalhadora e à base da pirâmide, leia-se pobres).

Daí, a necessidade da SUBVERSÃO, "politicamente correta".

O Status Quo sempre verá a SUBVERSÃO como um inimigo a ser combatido, uma vez que esta se lhe opõe.

Mas o que vem a ser SUBVERSÃO?

Segundo o dicionário, SUBVERSÃO vem a ser "Ação ou efeito de subverter; prática de atos subversivos; revolta, insubordinação contra a autoridade, as instituições, as leis e os princípios estabelecidos."

Tomemos a convulsão social que se apoderou dos países árabes, conforme os últimos noticiários, como nosso exemplo.

A grande maioria das pessoas, a imprensa, os analistas e a elite em geral estão a favor desta SUBVERSÃO da população árabe que clama por liberdade.

No entanto, esta mesma imprensa (mídia em geral), analistas e elite não pensaria duas vezes em reprimir qualquer "ação subversiva" que pudesse ocorrer em nosso país. Na prática, isso nada mais é que o famoso "dois pesos e duas medidas".

SUBVERSÃO, portanto, tem uma conotação negativa e isso foi assimilado culturalmente pela própria sociedade brasileira que inconscientemente trabalha a favor do Status Quo.

Quando falo em SUBVERSÂO "politicamente correta", se é que isso existe,
falo em uma consciência coletiva que se indigne com o atual estado de coisas levando a sociedade a uma mobilização pacífica, porém abrangente e eficiente tendo em vista reformas profundas que altere o atual estado de injustiça social em que nos acostumamos a ser submetidos.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Quem é o "pai da criança"?


O Brasil vem num processo de transformação de mais de 20 anos. Durante boa parte de sua história o país sofreu de uma crise de identidade profunda sem achar o seu lugar ao sol. Deu muita cabeçada. A Argentina também é assim. Até hoje eles pensam que são europeus. Lembremos que com Sarney, houveram diversos pacotes de ajustes para tentar conter a inflação. O Brasil se converteu num laboratório de testes. Isso continuou com Collor, que também teve seus "méritos", o de abrir a economia. Quem não se lembra das carroças? E não adianta aquele discurso de que isso era inevitável e aconteceria em qualquer governo. Pode até ser, mas aconteceu no dele, portanto não lhe roubemos os louros que lhe convém. Itamar sim, teve o grande mérito de estar no poder quando chegou a estabilização por meio de uma moeda forte. FHC é igualzinho ao LULA no que diz respeito a apropriação indébita de méritos. A diferença é que LULA é autêntico, ou seja, um canastrão, um fanfarrão e gosta mesmo de pobre . FHC se alinhou a LULA nos anos 70, mas sempre foi elite. Cheiro de pobre incomoda o sociólogo da Sourbone. Quanto a ambos se acharem os "pais da criança", acho normal. Jamais condenaria qualquer deles por isso, pois é próprio da política. Reconhecer os méritos do adversário é suicídio político e só inocentes esperam por isso.

O dado concreto é que desde o fim da ditadura, ou seja, com Sarney, teve inicio o processo que culminou no Brasil que temos hoje. Os honestos intelectualmente não terão dificuldades em conceder o devido lugar a cada um na história, inclusive dos sempre esquecidos André Lara Rezende e Persio Arida, os homens dos bastidores, mentores do DNA do Real. Aos apaixonados, por sua vez, cabe exaltar seus heróis, ou seja, o mais hábil na capacidade de iludir incautos..