sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Kadafi...mais uma “cria” abatida...



Transcrevo mais um excelente artigo de minha amiga professora de História em BH, Márcia Cunha de seu blog "Historia Corrente". Uma visão sociológica sobre o desfecho do conflito na Líbia.




Pois é... o homem morreu. Pediu, implorou, mas não tiveram misericórdia.


Mas a coisa funciona assim: se não obedecem ao criador, ele abate a cria...


Kadafi foi mais um na lista negra do criador. Mais um que “escorregou no quiabo”, “pisou no tomate”  e mereceu a morte, de maneira bem humilhante, como uma espécie de vitrine do terror... para que o mundo saiba que o criador não está nem nunca esteve  para brincadeiras. 


Espere, criador no caso,  não é Deus. O criador a quem me refiro é o de ditadores, ou seja,  os EUA e seus aliados. 


Pois bem, fazendo um pequena retrospectiva da vida política deste infeliz, descobrimos que Kadafi, após o golpe na década de 70 , este chamado de “Revolução”, conseguiu com sua política econômica elevar o padrão de vida dos líbios (nação composta por 140 tribos totalmente instáveis e muitos divergentes em relação a ideologias),os quais encontravam-se na penúria, apesar de pertencerem ao país que é  um dos maiores produtores de petróleo do mundo. 


Milagre? Não. Nacionalização das empresas de petróleo que estavam nas mãos dos estrangeiros ( como sempre ).  Pois bem, além disto, conseguiu com mãos de ferro e uma ditadura típica, aliada a uma ideologia “de massas”, numa mistura de islamismo + marxismo + socialismo + capitalismo, irritar profundamente seus parceiros comerciais, como os EUA por exemplo, que chegou a romper relações com o ditador na década de 80.


Pois é... por seus "pecados",  foi taxado de “terrorista”, “miliciano”, e sem a menor cerimônia, atribuíram (EUA e aliados)   a ele vários incidentes com aviões e atentados a bombas em países ocidentais. Ué, você já ouviu esta história antes não é? Claro que sim, pois esta é invariavelmente a política exercida pelos EUA em relação a países que “ferem” seus interesses econômicos .


Mas voltando a Kadafi, ou infeliz se assim preferir , apesar de ter proclamado apoio aos extremistas palestinos, apesar de sua aproximação com o Irã, apesar de ter expulsado estrangeiros tunisianos de seu território e ainda, apesar de ter assumido o ônus pela queda dos aviões com os supostos terroristas líbios sem no entanto assumir a culpa,...ele, o Kadafi, o infeliz Kadafi, ao sofrer o embargo da ONU  (pausa pra reflexão: interessante a ONU não é? Ela determina embargos a nações que representam um perigo para a população mundial, mas ela só age assim em relação a perigos que representem perda econômica para as grandes potências, porque na SOMÁLIA por exemplo, não se ouve falar da ONU, em Ruanda , no genocídio de tutsis por hutus, a ONU saiu a galope, sem olhar para trás... estranha esta ONU, na questão palestina, ela se omite...na questão do Iraque principalmente, ela sequer fez qualquer esforço para impedir a invasão... estranha essa ONU...muito estranha), bom, mas voltando ao infeliz Kadafi, mesmo com tudo isto, ele resolveu dar a mão a palmatória às grandes potências lideradas pelos EUA e  logo, desnacionaliza seu petróleo, condena o atentado do 11 de setembro, promete lutar contra o terrorismo, aperta as mãos de Sarkozy e,  por último,  sorri largamente para os EUA... 


Mas já era tarde.  Kadafi aprontou muito. Nestes 42 anos de governo (veja só que ironia), foram anos e anos governando uma população instável, 140 tribos diferentes, mas que se dobraram diante de seu regime “opressor” como cãezinhos adestrados , e,   de uma hora para outra, num piscar de olhos, resolveram se rebelar e ainda, puderam contar com o apoio incondicional das “forças aliadas” , lutando juntos pela “democracia”...


É...sei não. O governo interino já deixou claro o rumo ao “fundamentalismo”... será que neste novo regime, haverá nacionalização das empresas petrolíferas? 


É...sei não. O Criador está de olho na cria...independente do regime, se fundamentalista, se capitalista, se “socialista”, se islâmico ou  cristão, se democrata ou ditador...o importante é não ferir os interesses econômicos do criador. Retórica para depor governos, invadir, matar, destruir, aniquilar seus inimigos ele tem... e tem mais que retórica, tem aliados, tem acima de tudo poder de criar e destruir seus ditadores... 


À nós, mortais, restano-os pedir um favor a Kadafi: dê um oi a Sadam por nós...


Fonte: http://historiacorrente.blogspot.com/2011/10/kadafimais-uma-cria-abatida.html