sábado, 2 de julho de 2011

O Grande Desafio


No terceiro bimestre, meus alunos do colégio Alberto Salotti serão apresentados a um novo modelo de avaliação. Trata-se de um debate virtual entre classes onde, proposições serão lançadas para serem ratificadas por um grupo e contestadas por outro. A ideia é que os alunos desenvolvam seu senso crítico diante dos grandes temas da atualidade. Os debates ocorrerão na comunidade virtual Juventude Politizada do Brasil (Orkut)http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=105331054 e terá como inspiração o premiado filme O Grande Desafio estrelado por Denzel Washington.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Sociedade Brasileira no Divã...


Proponho que nós, sociedade brasileira, sejamos conduzidos ao divã de nossas consciências antes que o estampido dos disparos dados naquele colégio do Realengo sejam abafados pelos rojões de nossos festejos onipresentes...

Em Sociologia, uma sociedade é o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes, e que interagem entre si constituindo uma comunidade

A origem da palavra sociedade vem do latim societas, uma "associação amistosa com outros". Societas é derivado de socius, que significa "companheiro", e assim o significado de sociedade é intimamente relacionado àquilo que é social. Está implícito no significado de sociedade que seus membros compartilham interesse ou preocupação mútuas sobre um objetivo comum. Como tal, sociedade é muitas vezes usado como sinônimo para o coletivo de cidadãos de um país governados por instituições nacionais que lidam com o bem-estar cívico.

Isso posto, fica claro que o jovem atirador que atendia pelo nome de Wellington não se enquadrava nessa definição idealizada de sociedade.

A grande ironia é que, se na origem da palavra "sociedade" encontramos como derivação o termo "companheiro", vem à tona com as primeiras investigações que a companheira mais presente do jovem Wellington era a solidão.

O dado concreto é que essa tragédia é "apenas" mais um dos sintomas de uma sociedade doente, que se recusa a admitir sua enfermidade e, pior, se tratar dela.

Tais episódios se reproduzem à partir de um modelo de sociedade que escolhemos para viver, onde o coletivo é sacrificado em prol do individual.

Uma sociedade que enaltece o ter em detrimento do ser, que segrega, que se auto afirma por meio do consumismo desenfreado em busca de um mínimo senso de pertencimento, só pode estar gravemente enferma.

Mas quem quer romper com este modelo que tem no dinheiro um elemento diferenciador, onde sua posse confere senso de poder e dominação?

Outro sintoma de uma sociedade doente é a ausência de uma reflexão objetiva diante de suas tragédias.

O fato é que internalizamos uma cultura valorizadora de coisas e não de gente. O outro, que, em interação comigo, deveria ser meu próximo e com isso conferir sentido à sociedade, tornou-se meu concorrente e por extensão meu inimigo.
As relações se tornam cada dia mais impessoais e hostis num ambiente de competição desmedida em que o objetivo é sempre superar o rival.

Não é essa a mensagem explícita das propagandas que seduzem a classe média de forma a alimentar o círculo vicioso da pseudo superioridade? Quem se contentará em ser um mero cliente de banco quando se pode ser "Exclusivo", "Premier", "Personalitè", "Van Gogh" ou um finado "Uniclass"? Numa palavra, "ser alguém" em meio à gentalha que compõe as massas...

E o que dizer da indústria do cinema que produz filmes como "A procura da felicidade", onde seu protagonista é um pobre solitário obcecado pela idéia de enriquecer por julgar estar nela, na riqueza, a felicidade, mesmo que para isso sacrifique suas relações pessoais, inclusive o casamento?

Aí está o elemento desagregador da sociedade, a idéia de que existem pessoas melhores que outras em função do acúmulo de capital.

A tragédia do Realengo, por trágico que seja, não me parece páreo contra os interesses que movem o capital e que excluem milhares de "Wellingtons" pelo mundo afora condenando-os à invisibilidade e à solidão.

Quanto às crianças alvejadas, talvez o maior consolo seja o fato de estarem livres dessa sociedade doente e em franca decadência. Torço para que elas tenham se transformado em estrelas... que embelezem nosso céu...Assim teremos para onde olhar enquanto, deitados nesse divã, choramos nossa culpa, nossa inversão de valores, nossa promiscuidade social...na companhia do Cristo, que um dia chorou ao avistar Jerusalém e que hoje chora diante do Realengo...

segunda-feira, 21 de março de 2011

O que deveria ser o trabalho dos deputados estaduais...


O trabalho do deputado

Todo poder emana do povo. Ao ser eleito pelo voto popular, o deputado assume mandato de quatro anos. Durante esse tempo, participa das sessões plenárias e dos trabalhos das Comissões. Além disso, atende pessoalmente aos eleitores, encaminhando seus pedidos a órgãos governamentais ou apresentando em Plenário assuntos de interesse do segmento social ou da região que o elegeu. Ouve a opinião de grupos organizados que reivindicam a colocação de temas específicos em pauta. Para isso, o deputado costuma receber em seu gabinete trabalhadores, dirigentes sindicais, lideranças de várias comunidades e entidades representativas.

Outra atribuição do deputado é a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Estado. No exercício do mandato, ele tem livre acesso às repartições públicas. Pode fazer diligências pessoalmente nos órgãos de administração direta ou indireta.

É função do parlamentar apresentar projetos de lei, de decreto legislativo, de resolução, e proposta de emenda à Constituição Estadual e avaliar aqueles encaminhados por outros deputados, pelo governador, Poder Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas e pelos cidadãos.

O deputado emite pareceres nas diversas comissões técnicas, sobre os projetos e demais assuntos acerca dos quais o Poder Legislativo deve manifestar-se. Pode também propor a instituição de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).

Perderá o mandato o deputado que, entre outros motivos, deixar de comparecer à terça parte das sessões ordinárias, exceto quando em licença ou missão autorizada pela Assembleia Legislativa. Também será afastado aquele que faltar com o decoro parlamentar, abusar das funções asseguradas ao deputado ou receber vantagens indevidas.
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Resposta do gabinete de Carlos Giannazzi à nota de repúdio promovida pela JPB - Juventude Politizada do Brasil.

Date: Thu, 17 Mar 2011 20:43:50 -0300
From: carlosgiannazi@uol.com.br
To: marcelodepaula2008@hotmail.com
Subject: Re:
O Psol lançou a candidatura de protesto do deputado Carlos Giannazi para denunciar todos esses fatos
Assessoria do mandato de Carlos Giannazi

Site da ALESP: http://www.al.sp.gov.br/portal/site/Internet/

quarta-feira, 16 de março de 2011

Assembléia Legislativa de São Paulo - NOTA DE REPÚDIO


NOTA DE REPÚDIO

É com grande indignação e pesar, que nós, brasileiros, paulistanos, professores e alunos da rede estadual de ensino, recebemos a notícia da reeleição do "nobre Deputado" Barros Munhoz para mais um período à frente da casa que DEVERIA legislar em prol dos cidadãos paulistas que elegeram seus representantes. Entendemos que, diante das seríssimas denúncias do Ministério Público reproduzidas por toda a imprensa, o "nobre Deputado" deveria recludir-se até o término das apurações.

Nos causa horror o triste papel da oposição que se aliou num vergonhoso e constrangedor conchavo que propiciou 92 votos dentre 94 possíveis para sacramentar a reeleição previamente negociada do "nobre Deputado".

Deixamos claro que estamos de olhos fitos nos senhores e que acompanharemos seus passos por todas essa triste e longa jornada legislativa.

Não se esqueçam que em 4 anos os senhores nos procurarão novamente e saberemos dar o troco a altura...

Indignadamente,

JUVENTUDE POLITIZADA DO BRASIL

http://www.al.sp.gov.br/portal/site/Internet/menuitem.da21f6f4ac9f7dc5afd3eb4bf20041ca/?vgnextoid=df1ee3bac7f57110VgnVCM100000590014acRCRD
Obs.: Enviem para todos os deputados. Segue a lista. DIVULGUEM!!!

terça-feira, 15 de março de 2011

Haiti x Japão... tragédias iguais...conceitos diferentes...


Em sociologia estamos sempre procurando fugir do senso comum para analisar a realidade, até porque isso é o que coloca a sociologia no seleto grupo das ciências sociais.

Para os meus alunos, em particular, trago esta contribuição crítica de uma grande colega, Professora Márcia que milita pela educação em Belo Horizonte.

Jeitos diferentes para se "olhar" tragédias um tanto semelhantes...o jeito do senso comum.

Apreciem...sem moderação...

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Haiti x Japão... tragédias iguais...conceitos diferentes...


Eu de novo analisando a tragédia natural... e de novo, concluo que os PPS’s – POBRE, PRETO E SUBDESENVOLVIDO até nas tragédias naturais são alvo de preconceitos por parte da humanidade. E por outro lado, os BRPM– BRANCO, RICO E PRIMEIRO MUNDO, até nas tragédias são vistos com mais complacência...mais piedade e mais “humanidade” do que os outros.

Isso mesmo, to falando do Haiti x Japão.

Me lembro bem quando ocorreu o terremoto no Haiti, em uma comunidade evangélica do Orkut, cristãos fervorosos diziam que o terremoto no Haiti fora conseqüência do Vodu, religião praticada por eles. Alardeavam aos quatro cantos que a “mão de Deus” havia “pesado” naquele país, em função de seus rituais “satânicos” e sua “desobediência” . Me lembro que isso foi mencionado pelo próprio Cônsul do Haiti... que corroborou com essa idéia estapafúrdia. Agora ouço os mesmos cristãos chocados, dizendo que o mundo está no fim... pois o terremoto do Japão é um anúncio de que o apocalipse se aproxima... e tem ainda os católicos que atribuem a catástofre , num atestado de ignorância sem tamanho, ao efeito estufa...nem mencionam o fato de que ambos os países encontram-se em área instável e totalmente comprometida com a tal falha geológica chamada de "placa tectônica".

Ninguém , mas ninguém até agora disse que a tragédia foi o “peso da mão de Deus no Japão”...
Será por que? Será por que esse Deus cristão aí, só castigou o Haiti, o povo preto e pobre... e em se tratando de Japão... o povo branco e rico, a é apenas um sinal do fim dos tempos?

Ora, ora... a maioria dos japoneses são em sua maioria adeptos do XIntoismo, tipicamente politeísta...e o restante quase que absoluto, são budistas... ou seja...não são cristãos... então... a tragédia deveria ser vista pelos cristãos com o mesmo ponto de vista da tragédia do Haiti. Mas não foi. Não vai ser. Não será jamais.
Estou dizendo isto, batendo na mesma tecla sobre preconceito, racismo, etc...etc... sendo até cansativa, mas com uma certeza enorme de que o ser humano, a cada dia que se passa, submerge-se em seus conceitos absurdamente racistas, preconceituosos, tortos... e pior, baseados em religiões, em crenças , recheadas de segregacionismos, acepções, visões distorcidas da realidade... perpetuando como sempre a divisão entre os seres humanos... que por mais que doa a muitos, seres humanos exatamente iguais.

Mas vamos lá... to triste com a tragédia... assim como fiquei consternada com a tragédia no Haiti, no Rio de Janeiro, na cidade de Passa Quatro... mas ressalto , por mais estranho que pareça, que minha consternação maior não é nem pelas vidas .perdidas...ou pela destruição. Minha tristeza, minha consternação maior é por constatar a cada dia que o ser humano não aprende nada, nem com as tragédias naturais, nem com as ações humanas... o que dirá com esse deus aí, das religiões.

Deus, o verdadeiro, já tá é cansado de tudo isso... e que venha mesmo o fim do mundo!!!!

Fonte: http://historiacorrente.blogspot.com/2011/03/haiti-x-japao-seria-deus-tambem-racista.html

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"A Procura da Felicidade" sob um olhar sociológico...


Como a indústria do entretenimento, no caso, o cinema, favorece o "sistema" ao manter as mentes anestesiadas. Isso sim, um verdadeiro drama da vida real.

A Procura da Felicidade, estrelado por Will Smith é uma premiada produção da Columbia Pictures do ano de 2006...segue a sinopse.


Sinopse

Chris Gardner (Will Smith) é um pai de família que enfrenta sérios problemas financeiros. Apesar de todas as tentativas em manter a família unida, Linda (Thandie Newton), sua esposa, decide partir. Chris agora é pai solteiro e precisa cuidar de Christopher (Jaden Smith), seu filho de apenas 5 anos. Ele tenta usar sua habilidade como vendedor para conseguir um emprego melhor, que lhe dê um salário mais digno. Chris consegue uma vaga de estagiário numa importante corretora de ações, mas não recebe salário pelos serviços prestados. Sua esperança é que, ao fim do programa de estágio, ele seja contratado e assim tenha um futuro promissor na empresa. Porém seus problemas financeiros não podem esperar que isto aconteça, o que faz com que sejam despejados. Chris e Christopher passam a dormir em abrigos, estações de trem, banheiros e onde quer que consigam um refúgio à noite, mantendo a esperança de que dias melhores virão.
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O que causa maior estranheza ao se observar a pirâmide social, nem é a desigualdade nela representada, mas a sua inalterância ao longo do tempo e a atitude dos seguimentos que lhe determinam as posições.

Como pode essa realidade onde muitos trabalham e se sacrificam pelo enriquecimento e boa vida de poucos, não produzir uma indignação suficientemente capaz de mobilizar por mudanças a maioria que se encontra na base?

Dentre os diversos instrumentos que compõem o aparato de controle social pude identificar à partir do olhar sociológico, um bastante eficiente e muito utilizado: Filmes hollywoodianos do gênero drama. O filme que serve de base para essa reflexão narra a história de um representante da base da pirâmide, que ascende socialmente de forma significativa.

A empatia do "público alvo" com o personagem é flagrantemente imediata.

Muitos que assistiram o filme se identificaram, choraram e se animaram em prosseguir lutando pela vida, não obstante todos os percalços.

A mensagem do filme é clara:

Você (da base da pirâmide) também pode chegar lá..."no topo" e ser feliz...

O roteiro do filme condiciona a felicidade à obtenção da satisfação profissional que redundará em riqueza. Fica claro desde o início que o preço a se pagar é elevado, como se o fato de pertencer a base da pirâmide já não fosse um preço suficientemente alto.

O segredo é ser um gênio (lembre-se do cubo mágico) e dar tudo de si. Chris Gardner (Will Smith)evitava até ir ao banheiro para não perder tempo e focar-se excluvivamente na sua obsessão (ser feliz).

Chris Gardner é a encarnação sob medida dos que estão na base da pirâmide e que sonham com melhores perspectiva de vida.

O detalhe cruel é que Gardner atravessa o inferno que sua obsessão lhe impõe na condição de estagiário. Ao final do ciclo preparatório de seis meses, se ele fosse o melhor dentre os concorrentes, (também da base),seria enfim efetivado.

O filme se passa em pouco menos de duas horas, minimizando o fato do esforço de toda uma vida em busca de um melhor posicionamente na pirâmide.

Verdades que saltam aos olhos...

A minoria absoluta consegue "chegar lá" a partir do esforço máximo e isso é vendido como triunfo. Na obsessão para se "chegar lá" perde-se o senso crítico que poderia questionar esse modelo perverso de ascensão social. A massa da base não se junta, não dá a liga que possa lhe garantir substância, pois seus elementos estão todos fragmentados procurando a felicidade individual ao invés da conjunta, que seria a implosão da atual pirâmide e sua substituição por uma ordem mais justa.

O dado concreto é que o drama que emocionou milhões e até produziu neles uma certa motivação esconde um alto grau de perversidade. A "base" é condenada a procurar uma felicidade que sempre lhe pertenceu, mas que lhe é diariamente subtraída por um sistema explorador e, nesse processo de busca, reproduz incessantemente o modelo atual da vergonhosa piramide social.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Status Quo X Subversão



Adoráveis alunos...

Aprendemos em aulas recentes que Status Quo é uma expressão do latim que designa o estado atual das coisas, seja em que momento for.

Sociologicamente podemos dizer que Status Quo é a manutenção da "ordem estabelecida".

Há que se considerar que "a ordem atual das coisas" interessa a seguimentos específicos da sociedade, em geral, a classe dominante (vide a pirâmide social)

Na realidade, a expressão não define necessariamente um mau estado, e sim o estado atual das coisas. (que "coincidentemente" é desfavorável à classe trabalhadora e à base da pirâmide, leia-se pobres).

Daí, a necessidade da SUBVERSÃO, "politicamente correta".

O Status Quo sempre verá a SUBVERSÃO como um inimigo a ser combatido, uma vez que esta se lhe opõe.

Mas o que vem a ser SUBVERSÃO?

Segundo o dicionário, SUBVERSÃO vem a ser "Ação ou efeito de subverter; prática de atos subversivos; revolta, insubordinação contra a autoridade, as instituições, as leis e os princípios estabelecidos."

Tomemos a convulsão social que se apoderou dos países árabes, conforme os últimos noticiários, como nosso exemplo.

A grande maioria das pessoas, a imprensa, os analistas e a elite em geral estão a favor desta SUBVERSÃO da população árabe que clama por liberdade.

No entanto, esta mesma imprensa (mídia em geral), analistas e elite não pensaria duas vezes em reprimir qualquer "ação subversiva" que pudesse ocorrer em nosso país. Na prática, isso nada mais é que o famoso "dois pesos e duas medidas".

SUBVERSÃO, portanto, tem uma conotação negativa e isso foi assimilado culturalmente pela própria sociedade brasileira que inconscientemente trabalha a favor do Status Quo.

Quando falo em SUBVERSÂO "politicamente correta", se é que isso existe,
falo em uma consciência coletiva que se indigne com o atual estado de coisas levando a sociedade a uma mobilização pacífica, porém abrangente e eficiente tendo em vista reformas profundas que altere o atual estado de injustiça social em que nos acostumamos a ser submetidos.