sexta-feira, 25 de maio de 2012

O Leviatã e os pobres lobos...




“O Homem é o lobo do homem”.

Com esta frase Thomas Hobbes teoriza sobre a necessidade do que viria a ser conhecido como Estado Moderno. Com seu aparato policial repressor, o Estado evitaria a guerra de todos contra todos domesticando a alcateia embrutecida por seu estado de natureza. 

Sabemos que o Estado dispõe de outros elementos em seu aparato de controle social, como a escola, a religião, família e a própria socialização em si. Mas, é no monopólio do uso da força que verificamos toda a monstruosidade do Leviatã e sua eficiência em manter confinado o estado de natureza desses pobres lobos com sua tendência à autodestruição. 

Paradoxalmente, porém, cada vez mais o Estado, embriagado em sua onipotência, parece subestimar a força e a paciência dessa alcateia, de quem o glorioso Zé Ramalho canta atribuindo outro coletivo.

Nessa semana os paulistanos tiveram que enfrentar uma greve de metroviários e de funcionários da CPTM. A paralisação em si talvez não gerasse tanta indignação, não fosse o fato de toda semana, praticamente haverem, paralisações de outra ordem, a saber, ordem técnica. Tantas têm sido que um representante do governo tucano apressou-se em falar em boicote ao sistema. Nenhuma palavra, no entanto, sobre o sucateamento da rede ferroviária estadual.

As queixas são inúmeras, desde o preço da passagem, até lentidão e superlotação dos vagões. A indignação dos usuários, no entanto, não ameaça converter-se em rebelião.

O Leviatã parece apostar não só na sua eficiência repressiva, mas também numa espécie de “paciência de Jó” da parte dos lobos hobbesiano, no que talvez não esteja de todo errado.

Até houve uma tentativa de paralisação da Radial Leste por parte de alguns usuários insatisfeitos, mas ficou só na tentativa mesmo. O Leviatã não suporta “importunação da ordem pública” e, de pronto, mostra suas garras. A polícia logo chega com sua típica intervenção (bomba de gás lacrimogêneo) e afugenta os lobos insubordinados de volta às suas tocas.

Lobos, pobres lobos, como ousam desafiar o Leviatã?

O cientista político Wanderley Guilherme dos Santos trata brilhantemente essa questão em seu livro “Horizonte do Desejo”, onde afirma que os pobres escolhem não se revoltar ante a ameaça de “punição social”. Ou seja, os pobres lobos não tem a temer “apenas” o Leviatã, mas seus próprios pares, afinal, Hobbes não tinha como prever que a sociedade de lobos seria dividida em classes.

O preço a se pagar pela indignação convertida em ação social mal sucedida é caríssimo, pelo que as pessoas preferem ficar apenas na indignação a pensar em formas de tornar tais ações bem sucedidas.
O dado concreto é que a população brasileira e o comportamento da sua gente mais desfavorecida engrandece demais o poder do Estado.

Que o Leviatã não se empolgue, entretanto. Os lobos por mais domesticados que estejam, ainda são lobos, 


por hora...

...pobres lobos.



Marcello di Paola



Questão de oportunidade...




Questão de oportunidade...

Hoje no cruzamento da João Sayad com a Francisco Morato, defronte ao shopping Butantã, (pertinho do estádio do Morumbi), suspenso entre terra e céu por uma corda que ia de poste a poste, havia um jovem lá com seus 20 anos, quem sabe, fazendo embaixadinhas e dando um show de bola...até parecia com o Neymar fisicamente. Vestia uniforme da seleção com a camisa 10 ainda. Devia ser um artista circense, dado a habilidade. Não tinha quem não olhasse para o rapaz...sempre o vejo por ali. Após os espetáculo que dura o tempo de uma abertura e fechada de farol, ele sai na captura das migalhas dos motoristas dispostos a porem em prática a boa ação do dia. O dado concreto é o seguinte:
Há jovens talentosos de sobra nesse país, o que falta é oportunidade. O que falta são políticas públicas eficazes, governos eficazes, sociedade crítica que pense coletivamente. Enquanto repousarem suas cabeças sobre um travesseiro, tranquilas, dormindo o sono da indiferença e embaladas pelo canto da sereia do raio da tal "meritocracia", continuaremos a ver talentos, na música, na arte, no esporte e em tudo quanto é seguimento desaparecendo... sem ao menos ter aparecido.

Acorda Brasil!

Marcello Di Paola

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Kadafi...mais uma “cria” abatida...



Transcrevo mais um excelente artigo de minha amiga professora de História em BH, Márcia Cunha de seu blog "Historia Corrente". Uma visão sociológica sobre o desfecho do conflito na Líbia.




Pois é... o homem morreu. Pediu, implorou, mas não tiveram misericórdia.


Mas a coisa funciona assim: se não obedecem ao criador, ele abate a cria...


Kadafi foi mais um na lista negra do criador. Mais um que “escorregou no quiabo”, “pisou no tomate”  e mereceu a morte, de maneira bem humilhante, como uma espécie de vitrine do terror... para que o mundo saiba que o criador não está nem nunca esteve  para brincadeiras. 


Espere, criador no caso,  não é Deus. O criador a quem me refiro é o de ditadores, ou seja,  os EUA e seus aliados. 


Pois bem, fazendo um pequena retrospectiva da vida política deste infeliz, descobrimos que Kadafi, após o golpe na década de 70 , este chamado de “Revolução”, conseguiu com sua política econômica elevar o padrão de vida dos líbios (nação composta por 140 tribos totalmente instáveis e muitos divergentes em relação a ideologias),os quais encontravam-se na penúria, apesar de pertencerem ao país que é  um dos maiores produtores de petróleo do mundo. 


Milagre? Não. Nacionalização das empresas de petróleo que estavam nas mãos dos estrangeiros ( como sempre ).  Pois bem, além disto, conseguiu com mãos de ferro e uma ditadura típica, aliada a uma ideologia “de massas”, numa mistura de islamismo + marxismo + socialismo + capitalismo, irritar profundamente seus parceiros comerciais, como os EUA por exemplo, que chegou a romper relações com o ditador na década de 80.


Pois é... por seus "pecados",  foi taxado de “terrorista”, “miliciano”, e sem a menor cerimônia, atribuíram (EUA e aliados)   a ele vários incidentes com aviões e atentados a bombas em países ocidentais. Ué, você já ouviu esta história antes não é? Claro que sim, pois esta é invariavelmente a política exercida pelos EUA em relação a países que “ferem” seus interesses econômicos .


Mas voltando a Kadafi, ou infeliz se assim preferir , apesar de ter proclamado apoio aos extremistas palestinos, apesar de sua aproximação com o Irã, apesar de ter expulsado estrangeiros tunisianos de seu território e ainda, apesar de ter assumido o ônus pela queda dos aviões com os supostos terroristas líbios sem no entanto assumir a culpa,...ele, o Kadafi, o infeliz Kadafi, ao sofrer o embargo da ONU  (pausa pra reflexão: interessante a ONU não é? Ela determina embargos a nações que representam um perigo para a população mundial, mas ela só age assim em relação a perigos que representem perda econômica para as grandes potências, porque na SOMÁLIA por exemplo, não se ouve falar da ONU, em Ruanda , no genocídio de tutsis por hutus, a ONU saiu a galope, sem olhar para trás... estranha esta ONU, na questão palestina, ela se omite...na questão do Iraque principalmente, ela sequer fez qualquer esforço para impedir a invasão... estranha essa ONU...muito estranha), bom, mas voltando ao infeliz Kadafi, mesmo com tudo isto, ele resolveu dar a mão a palmatória às grandes potências lideradas pelos EUA e  logo, desnacionaliza seu petróleo, condena o atentado do 11 de setembro, promete lutar contra o terrorismo, aperta as mãos de Sarkozy e,  por último,  sorri largamente para os EUA... 


Mas já era tarde.  Kadafi aprontou muito. Nestes 42 anos de governo (veja só que ironia), foram anos e anos governando uma população instável, 140 tribos diferentes, mas que se dobraram diante de seu regime “opressor” como cãezinhos adestrados , e,   de uma hora para outra, num piscar de olhos, resolveram se rebelar e ainda, puderam contar com o apoio incondicional das “forças aliadas” , lutando juntos pela “democracia”...


É...sei não. O governo interino já deixou claro o rumo ao “fundamentalismo”... será que neste novo regime, haverá nacionalização das empresas petrolíferas? 


É...sei não. O Criador está de olho na cria...independente do regime, se fundamentalista, se capitalista, se “socialista”, se islâmico ou  cristão, se democrata ou ditador...o importante é não ferir os interesses econômicos do criador. Retórica para depor governos, invadir, matar, destruir, aniquilar seus inimigos ele tem... e tem mais que retórica, tem aliados, tem acima de tudo poder de criar e destruir seus ditadores... 


À nós, mortais, restano-os pedir um favor a Kadafi: dê um oi a Sadam por nós...


Fonte: http://historiacorrente.blogspot.com/2011/10/kadafimais-uma-cria-abatida.html

terça-feira, 11 de outubro de 2011

IN(VEJA) que mata...

Artigo do colunista Paulo Moreira Leite que expõe o ridículo de determinados setores da sociedade brasileira em tentar desclassificar as condecorações recebidas pelo ex presidente LULA no exterior.

Reação provinciana às condecorações de Lula

Confesso que o esforço de determinados políticos, observadores e acadêmicos para reclamar das condecorações internacionais recebidas por Luiz Inácio Lula da Silva já passou o limite da boa educação, do bom gosto e até do ridículo.
Lula recebeu sua mais nova condecoração há duas semanas em Paris. Até hoje a imprensa continua publicando textos que procuram convencer o leitor, basicamente, do seguinte: os pobres intelectuais do mundo desenvolvido são tão despreparados, tão ignorantes e tão incultos, que não sabem quem é Lula, nunca ouviram falar das mazelas de seu governo e só por isso insistem em lhe dar títulos honorários.
Num artigo publicado no Estadão, hoje, um professor do interior de Minas Gerais tenta convencer o público que os intelectuais europeus estão confundindo Lula com a reencarnação do “bom selvagem,” aquele mito da obra de Jean-Jaques Rousseau.
É até preconceituoso, quando se recorda que o “bom selvagem” não tinha um conteúdo de classe social, mas era uma referencia a civilizações consideradas primitivas pelo pensamento colonial europeu.
É preciso apostar alto na ignorancia do leitor para imaginar que ele vai acreditar que os intelectuais dos países desenvolvidos vivem na Idade da Pedra, sem internet e sem uma imprensa de qualidade, que nos últimos anos tem feito reportagens extensas e profundas sobre o Brasil.
Posturas deste tipo são apenas mesquinhas e provincianas.
Mesquinhas, porque envolvem interesses menores e inconfessáveis, frequentemente eleitorais, apenas disfarçados por um palavrório de tom indignado.
Provincianas, porque a condecoração de um presidente da Republica por instituições respeitadas, como a Ecole de Sciencies Politiques, de Paris, que, com afetada intimidade, alguns comentaristas chamam de Siencies Po, deveria ser motivo de orgulho para qualquer brasileiro.
Outro ponto é que o aplauso acadêmico internacional pelas realizações do governo Lula contém um ensinamento importante para um pais desigual e hierarquizado, onde a boa educação só é acessível a uma minoria.
Estou falando de um preconceito antigo e mal disfarçado contra brasileiros e brasileiras que não puderam frequentar a escola como se deve, na idade em que seria preciso, não tem o domínio perfeito da língua, não respeitam normas cultas, cometem erros de concordancia e exibem um vocabulário muitas vezes limitado.
Com frequencia, essas pessoas  costumam ser tratados como cidadãos de segunda classe, pré-destinados a ocupações inferiores e que nada devem fazer além de ganhar a vida em atividades braçais.
Ao premiar um presidente que teve pouca educação formal, mas foi capaz de obter um reconhecimento popular como nenhum outro na história recente do país, as universidades estrangeiras informam que é recomendável enxergar além do estererótipo.
Talvez por isso as condecorações irritem tanto a tantos. O reconhecimento é uma advertencia contra aqueles que valorizam demais os diplomas que conseguiram pendurar na parede. Não faltam motivos concretos para se fazer uma crítica política a Lula e a seu governo. Todo cidadão bem informado tem sua lista de críticas e sua análise.
Mas o esforço para criticar as condecorações internacionais é  esforço inglório.
Nem os brasileiros foram convencidos por estes argumentos, como se viu na campanha presidencial e também pelas pesquisas de opinião, que sugerem que Lula está próximo do nível da santificação junto ao eleitorado. Vencidos em casa, seus adversários querem ganhar a eleição no exterior. Além de feia, é uma batalha perdida.

domingo, 9 de outubro de 2011

Grande Mídia x Blogosfera



Reproduzo a seguir texto analítico do grande camarada militante Wellington Lyrio sobre a guerra "silenciosa" que o oligopólio midiático brasileiro trava com a blogosfera.




O cavaleiro pode mudar...mas...o caráter braço ideológico será o mesmo.


Hoje pela manhã quando acessei a internet visando acompanhar as notícias do dia, tal como de costume, não aconteceu nada diferente. Mas, um sequência de simples leituras ilustrou algo mais de que certo, porém, uma coisa que alguns insistem em negar, ou por inocÊncia, ou desonestidade intelectual mesmo. Me refiro a atuação da Grande Mídia como um Partido Político e a Blogosfera como  algoz dessa. Vou expor agora a tal sequência de simples leituras supracitada.


A Primeira foi no Facebook de Milton Temer: "Globo, partido político. Pois é. Está na coluna da Miriam Leitão algo que passa desapercebido mas tem que ser analisado mais seriamente. São os debates temáticos que Globo,CBN vêm organizando, não só no auditório da empresa como em espaços públicos, reunindo apenas uma corrente de pensamento - privatista e neoliberal. Depois, dão ampla cobertura e fica o fato valendo como "debate na sociedade". É fundamental que setores progressistas na academia e fora dela atentem e partam para o contraponto que desqualifique a falácia"


Em seguida, quando passei pela página de O GLOBO, deparei-me com a primeira, de um série de reportagens anúnciadas pelo jornal, sobre o tema: PRIVATIZAÇÕES. O título da tal matéria era: 
"Empresas privatizadas já respondem por 25% da receita das companhias de capital aberto"


RIO e VOLTA REDONDA - Com a venda da Usiminas, em outubro de 1991, o Brasil iniciava a era das privatizações, que mudou a cara da economia do país. Siderúrgicas, petroquímicas, ferrovias, empresas de energia elétrica e telefônicas estatais passaram às mãos da iniciativa privada. O pontapé inicial desse processo, inserido no conjunto de reformas econômicas promovidas pelo então presidente Fernando Collor de Mello, foi o Programa Nacional de Desestatização (PND), tocado pelo BNDES. Por um lado, o programa visava a enxugar o Estado, reduzindo sua intervenção na economia e liberando-o para atuar em áreas como saúde e educação, conforme o receituário mais liberal que dominou o mundo nos anos 90. Por outro, a venda de estatais era usada para abater dívida pública e, de quebra, recuperar a credibilidade do Brasil no exterior, manchada desde a moratória de 1987.


Desde que se livraram das amarras do governo, a maior parte das estatais privatizadas pisou no acelerador e cresceu. Os 20 maiores grupos ou empresas criados a partir das privatizações ou concessões à iniciativa privada nos últimos 20 anos já somavam R$ 300 bilhões em receita em 2010, ou 25% do faturamento das companhias de capital aberto do país. Em valor de mercado, eles respondem hoje por 20% do total - ou R$ 513,6 bilhões. Os dados foram levantados pelo GLOBO a partir de informações da consultoria Economatica e excluem empresas do setor financeiro ou seguradoras. Entre as firmas estão Vale, que lidera o ranking, a telefônica Oi e a Braskem, que, embora tenha sido criada em 2002, absorveu praticamente todas as pequenas petroquímicas que atuavam sob batuta estatal.


- O governo havia alavancado a indústria de base, mas não conseguia mais sustentá-la. Era necessário retirar esse ônus do Estado - diz Francisco Anuatti, economista da USP de Ribeirão Preto e autor de artigos sobre o processo de privatização. - A maior parte das empresas se tornou mais competitiva e eficiente.
A partir de hoje , O GLOBO publica uma série de reportagens sobre os 20 anos das privatizações, que se estenderá pelos próximos três domingos.


Pois bem, quando terminei a leitura de tal reportagem, imediatamente veio a minha mente o quanto MiltonTemer estava correto em seu post, ao colocar a atuação de O Globo como a de um PARTIDO POLÍTICO- não teria melhor exemplo de pensamento PRIVATISTA E NEOLIBERAL sendo propagado.


Enfim, pra finalizar, fui ao Blog do Brizola Neto (O TIJOLAÇO), onde, como de costume, o jovem parlamentar, tal como outros blogueiros,  utiliza o espaço de seu Blog para rebater notícias  de cunho falacioso, e nesse Domingo não foi diferente. Lá estava: 


As contas da privatização


O Globo publica hoje matéria sobre os vinte anos de privatização de empresas estatais e diz que as empresas privatizadas responderam por um faturamento de R$ 3oo bilhões em 2010. A dólar de dezembro do ano passado, US$ 177 bilhões.
O total da receita com as privatizações, de 1991 a 2002, somou US$ 87,5 bilhões: US$ 59,5 bilhões em privatizações federais e US$ 28 bilhões em privatizações estaduais. Ou seja, metade do faturamento de um só ano destas empresas.
Diz o jornal que as empresas foram vendidas para reduzir o endividamento do Estado brasileiro. A dívida líquida do setor público no Brasil, em 1991, era de US$ 144 bilhões. Em 2002, com tudo que a privatização deveria ter “abatido” deste valor, era de US$ 300 bilhões.


Nem privatizar, nem dever, em si, são, em si, pecados. Vender mal, seja entregando o que é estratégico, seja fazendo isso na bacia das almas, por valores irrisórios, são. Dever, quando se paga juros módicos, pode ser o caminho para o desenvolvimento e o progresso. A juros extorsivos, porém, é apenas o caminho da escravidão ao rentismo.
A grande maioria das privatizações foi feita com financiamento público, com uma elevação brutal das tarifas cobradas nos servilos públicos, não se conservou participação do Estado nem para dirigir estrategicamente as suas atividades, nem para participar dos lucros que produziam.
Estamos pagando caro, muito caro, e ainda pagaremos por muitos anos por este período de vergonha da história brasileira.


Não foi uma estratégia, foi uma liquidação, uma entrega desavergonhada do que pertencia ao povo brasileiro.


Enfim, a olhos mais desatentos, ou desinteressados, pode não parecer nada demais, porém, essa série de pequenos acontecimentos mostra muito bem por qual motivo a Grande Mídia não gosta da Blogosfera. Afinal, quem mais poderia oferecer um contraponto a FALÁCIAS DO PIG?

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Fim do Professor...

Transcrevo abaixo carta manuscrita de um professor da rede pública estadual, entregue a mim no corredor de uma escola na periferia de São Paulo onde lecionamos conjuntamente. Ele, professor de Física e Química, quase sexagenário com mais de vinte anos de carreira. Eu, professor de Sociologia, recém -ingresso nos "enta", assim como recente na rede, representante de uma corrente de esperança por dias melhores, porta voz deste professor que fala, ou melhor, escreve por muitos...

O FIM DO PROFESSOR

Oculte seus princípios, 

oculte sua alegria.

Observe o navio afundar...

não adianta fugir,

não adianta gritar.

Ao seu redor é cada um por si. Não há união...
...nem comunicação.

Sou simplesmente um professor, ou melhor, um ser incompetente, medíocre, burro ou idiota que até agora não percebeu que nesse país a educação é uma palavra vazia ou simplesmente o nada; chegando se a simples conclusão que ser professor é fazer parte do nada.


sábado, 24 de setembro de 2011

VEJA cada vez mais CEGA


TEXTO PÚBLICO EM RESPOSTA AO COLUNISTA AUGUSTO NUNES, DA VEJA, QUE ME AFRONTA DE FORMA VERGONHOSA, DISTORCENDO INFORMAÇÕES E FATOS COMO BOM SERVO QUE É DA MÍDIA GOLPISTA QUE O EMPREGA.

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/o-unico-manifestante-que-atendeu-a-convocacao-culpa-a-midia-golpista-pelo-fiasco-do-protesto-contra-a-midia-golpista/



Que a mídia no Brasil é um oligopólio concentrado nas mãos de algumas famílias das classes dominantes eu já sabia.

Que a mídia mente, falseia , inventa e reproduz ideologias burguesas, eu também sabia. Mas o que não imaginava mesmo é que, eu, um simples blogueiro e professor de escola pública, me converteria em assunto na falta deste, a um colunista da revista VEJA. Avisado por uma amiga acessei um link que me jogou no blog do Augusto Nunes. A manchete de imediato chamou me  a atenção, porém, na medida em que avançava na leitura, fui surpreendido ao me ver noticiado como sujeito principal do texto. Fui qualificado pelo "jornalista" como orador representante dos "20 gatos pingados, que nem estudante é, e que, se não mentiu, é professor". O que se segue é uma série de reproduções de minhas falas com objetivo claro de me achincalhar e me associar a uma persona non grata desta publicação, o "cumpanheiro". O grande equívoco desse colunista, no entanto, foi reproduzir da forma mais imbecil possível a ideologia da revista que o emprega. Fiel ao estilo do patrão, veicula informações desconexas num texto de gosto duvidoso, que faz a alegria de leitores incautos, desprovidos de senso crítico e manipulados, conforme se vê nos comentários deixados em seu blog.

Agora vamos ao dado concreto

Eu fui atraído ao vão do MASP naquela tarde de sábado, 17 de Setembro, por meio de uma publicidade no Facebook. Meu objetivo era gravar o evento para usá-lo como ferramenta didática em apoio às minhas aulas, pois o assunto no bimestre, coincidentemente era a mídia. Essa prática inclusive, de utilização das novas tecnologias, consta nos parâmetros curriculares do ensino médio da Secretaria da Educação. Assim, me dirigi ao local com esse único intuito. Ao me situar, por meio dos "meia dúzia de gatos pingados que lá estavam", segundo o colunista, dos objetivos do movimento, me simpatizei de pronto com a causa e passei a narrar aos meus alunos em forma de vídeo aula. Ou seja, eu não tinha nada a ver com o movimento. Fui cumprir meu papel de professor de sociologia e encontrei voluntários segurando faixas que simplesmente  se identificaram com a causa que os arregimentou. Não tinha nada a ver com milicianos da CUT ou do PT como o colunista induz a pensar em seu texto tendencioso e desprovido de qualquer ética jornalística, como é comum a essa publicação.  O que me causa ainda mais repulsa é a maneira deselegante, irônica e desrespeitosa com que este colunista dirige se aos poucos que ousam solidarizar se comigo nos comentários perdidos em meio aos aplausos da insensatez.

Não obstante a tudo isso, tenho mais é que agradecer ao Augusto Nunes por ter dado tanta visibilidade ao meu vídeo. Na tentativa de desmoralizar um movimento legítimo,  O MSM - Movimento dos sem Mídia, ele alçou este movimento ao reconhecimento dos que lhe ignoravam, por absoluta falta da informação que a a mídia deveria prover.Quanto a este simples professor que vos escreve, tal episódio só serviu para mostrar-me que estou no caminho certo ao politizar meus alunos e preveni-los contra essa mídia golpista.

Aos quase 2500 membros da Juventude Politizada do Brasil, comunidade do Orkut,  formada por alunos da rede pública de ensino, meu grande abraço e a certeza de que vocês estão reescrevendo a estória da educação nesse país. Ao "jornalista", meu agradecimento e à VEJA, meu desprezo.