quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Fim do Professor...

Transcrevo abaixo carta manuscrita de um professor da rede pública estadual, entregue a mim no corredor de uma escola na periferia de São Paulo onde lecionamos conjuntamente. Ele, professor de Física e Química, quase sexagenário com mais de vinte anos de carreira. Eu, professor de Sociologia, recém -ingresso nos "enta", assim como recente na rede, representante de uma corrente de esperança por dias melhores, porta voz deste professor que fala, ou melhor, escreve por muitos...

O FIM DO PROFESSOR

Oculte seus princípios, 

oculte sua alegria.

Observe o navio afundar...

não adianta fugir,

não adianta gritar.

Ao seu redor é cada um por si. Não há união...
...nem comunicação.

Sou simplesmente um professor, ou melhor, um ser incompetente, medíocre, burro ou idiota que até agora não percebeu que nesse país a educação é uma palavra vazia ou simplesmente o nada; chegando se a simples conclusão que ser professor é fazer parte do nada.


2 comentários:

Anônimo disse...

Fim do professor não...
Isso é o fim da sociedade,sem alguém para educar,mostrar que a vida é mais alem de sua casa e seu computador a vida não será mais nada.
Educação é sinônimo de cidadão,assim vendo isso e olhando o rumo que as coisas estão tomando acredito que nosso país será só mais um na estatística do analfabetismos funcional e da desvalorização de seu mestre e companheiro.

História Corrente disse...

triste, extremamente triste. POr todos os motivos possíveis e imagináveis. Mas sobretudo, por que a cada dia, percebo que o fim do professor é real, é iminente. Estes dizeres estão estampados na cara de colegas, de pessoas que desistiram de lutar pq não encontram motivação para isso. Não só por valorização por parte do Estado,mas muito mais por parte da sociedade a qual, numa atitude passiva apóia e é conivente com as agressões verbais, físicas, morais que todos sofremos no exercício de nossa profissão. Também por parte dos colegas que num misto de apatia e falta de empatia, não se dispõem a lutar, a tentar de alguma forma mudar as coisas. Estes colegas que se rivalizam, não se permitem acesso, não se vêem como parte de um processo em que a educação caminha lentamente para o caos...
triste. só isso que posso dizer. Muito, mas muito triste.